João Brehm

João Brehm
NeutrinoPhaseOne-14, 2009, mixed media s/PVC alumínio, 100 x 100 cm
Preço: €8000

João Brehm
NeutrinoPhaseOne-23, 2010, mixed media s/PVC alumínio, 50 x 50 cm
Preço: €5000

João Brehm
NeutrinoPhaseOne-25, 2010, mixed media s/PVC alumínio, 100 x 100 cm
Preço: €8000

NeutrinoPhaseOne

Tendo-se interessado pelo universo cósmico desde as suas primeiras obras, o autor, servindo-se propositadamente dos meios mais tradicionais (a pintura), desenvolveu  um sistema pictórico à base de pontos, utilizando sprays, vários tipos de projecção de tintas, cores metalizadas e fluorescentes, e diversas outras técnicas exploratórias, em que os pingos de tinta não são resultado aleatório de uma expressão abstracta ou puramente visual, mas pelo contrário, objectos concretos, criando assim ao longo dos anos uma catalogação experimental de universos imaginários.  Como tudo o que existe é constituído por pontos (átomos, partículas, planetas, etc) e o infinitamente grande obedece às mesmas leis que o infinitamente pequeno em NeutrinoPhaseOne (série de 28 trabalhos de 2009 e 2010) o autor debruça-se igualmente sobre o mundo sub atómico. Durante muito tempo julgou-se que os neutrinos, partículas de carga nula e massa muito fraca ( infotografáveis), eram a componente essencial do universo. Nestes trabalhos, a tela é abandonada em prol de uma superfície totalmente rígida e lisa (PVC) onde se cria um universo metalizado, sem atmosfera nem vácuo, um sistema em que a profundidade do espaço, o movimento aparente e a luz, possam no entanto existir.

João Brehm Bio nasceu em Lisboa em Janeiro de 1951. Artista visual e cineasta. Efectuou mais de 50 exposições individuais e colectivas. Diplomado em Pintura pela Escola de Artes Decorativas António Arroio (1965-68). Diplomado em Arquitetura de Interiores pelo I.A.D.E. (1969-71). Exilou-se no estrangeiro em 1972, tendo vivido em Paris e em Bruxelas. Curso de Cinema do INSAS, Institut Nat. des Arts du Spéctacle, Bruxelas 1973-76. Bolseiro da Fundação Gulbenkian em 1976–77 e 1977–78. Regressado a Portugal realizou diversos filmes. Representado em vários Museus e diversas colecções públicas e privadas, nacionais e internacionais. Convidado a apresentar a sua obra na Conferência da “International Colour Association” que se realizou na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) em Setembro de 2018.

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS (seleção)

2010 - “Cosmic Points & Neutrinos”, Câmara Municipal de Lisboa.
2009 - “Viajante do Longínquo”, Museu Municipal de Torres Novas
         - “Eyes Only”, Fábrica Braço de Prata, Lisboa.
2008 - “Galactic Charts”, Galeria Ceutarte, Lisboa.
1978 - Galeria de Arte Moderna, SNBA, Lisboa.
         - Círculo de Artes Plásticas, Coimbra.
         - Galeria Árvore, Porto.
1973 - Galeria Dois, Porto.
         - Galeria de Arte Moderna / SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
1972 - Galeria Alvarez, Porto.
1971 - Galeria Quadrante, Lisboa.

EXPOSIÇÕES COLETIVAS (seleção)

1998 - “Alternativa Zero”, Galleria Bianca, Palermo, Itália.
1997 - “Perspectiva: Alternativa Zero”, Fundação de Serralves, Porto.
1981 - “1º Salão de Arte Moderna de Faro”, Galeria 21, Faro.
1978 - “Arte Portuguesa Hoje”, SNBA, Lisboa.
     - 2ª Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira.                                      1975 - “Alternativa Zero”, Galeria Nac. de Arte Moderna, Lisboa.
     - “Figuração Hoje”, SNBA, Lisboa.
     - “1ª Bienal Nacional dos Artistas Novos”, Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão.
1973-74-75 - “XII, XIII e XIV Prémios Internacionais de Desenho Joan Miró”, Fundación Joan Miró Barcelona, Espanha.
1972 - “20 Artistas Plásticos”, Museu de Évora, Portugal.
1970 - “Exposição Mobil de Arte (prémio de aquisição)”, SNBA, Lisboa.

TRÊS PERGUNTAS A JOÃO BREHM


ANTÓNIO CERVEIRA PINTO — Enquanto artista, que significado tem a palavra arte para ti?

JOÃO BREHM - Arte para mim é o Enigma. Cada ser é único no Universo. Quanto mais se procurar no fundo de si próprio, um exercício muito duro e difícil, mais se encontrará o universal que existe em todos os seres. Se o artista conseguir atingir esse patamar, conseguirá tocar nos outros aquilo de comum que os une, que ninguém poderá explicar mas que, misto de surpresa e prazer únicos não encontra equivalente em nenhuma outra experiência criada pelo homem.  Não é apenas tentativa de interpretação pessoal do mundo ou emoção, é um ritual metafísico partilhado com o subconsciente colectivo humano, uma atitude quase mística.

ACP — No rio de sensações onde toda a mercadoria, incluindo a mercadoria-informação, é embrulhada com formas que apelam aos sentidos — formas sedutoras, sensuais e inteligentes —, ainda é possível destacar uma obra de arte genuína?

JB - No meio dum tal caleidoscópio de imagens de todos os géneros com que somos confrontados em permanência, em que o que parece sedutor é muitas vezes provocador de enganos e estímulos passageiros, para mim, embora pareça pretensioso, é fácil e possível encontrar uma obra de arte genuína que sobressaia pela sua simplicidade complexa e me traga uma certeza que não sei definir, a de estar diante duma revelação de algo muito profundo e que me toca sem explicações. É diferente, autêntica e nunca me cansa apreciá-la revelando sempre algo inesperado a cada visão. Cria um sentimento de plenitude e felicidade.

ACP — O Instagram e as redes sociais em geral colocaram a imagem, a representação e o espelho no top do imaginário global. Forneceram a todos uma espécie de formação rápida de criatividade e arte, fazendo de cada um de nós artistas automáticos. Neste museu virtual vivo qual é, uma vez mais o lugar da arte.

JB - No mundo virtual, a função da arte muda bastante. No meu caso, a matéria, o uso de cores fluorescentes, o brilho dos metalizados, os efeitos da luz, a dimensão, etc, perdem-se na sua representação fotográfica ou digital. Obriga-me a tomar em consideração essas condicionantes e tentar uma representação dum outro tipo que só o tempo poderá ajudar a esclarecer, procurando aumentar talvez o impacto da mensagem, a simplicidade dos meios e o seu lado de contra-poder. Porque do meu ponto de vista a arte só pode ser confronto com as imagens fornecidas pela sociedade e portanto ser genuína e quase incopiável. O virtual vem também de certa forma democratizar os percursos dos artistas e libertá-los de influências extra-artísticas, compadrios e jogos de poder.

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