João Bettencourt Bacelar

João Bettencourt Bacelar
Lisbon Covid Series 1, 2020, 6 fotografias/colagens digitais, impressão Fine Art Mate D 300g, 20 x 30 cm (cada)
Preço: €1600

João Bettencourt Bacelar
Lisbon Covid Series 2, 2020, 7 fotografias/colagens digitais, impressão Fine Art Mate D 300g, 20 x 30 cm (cada)
Preço: €1800

João Bettencourt Bacelar
Contágio, 2020, desenho digital, papel Fine Art Baryta 325g, 100 x 74 cm
Preço: €1200

Vários rostos que se derretem e misturam com outros. Vão se misturando e contagiando, em comum tem todos olhos de Covid. Com Lisboa em quarentena durante o estado de emergência declarado pelo governo de Portugal. Série de imagens representativas dos dias únicos que se viveram na cidade de Lisboa entre Fevereiro e Abril de 2020. Lisboa deserta, ameaçada por um vírus avassalador e opressor. Uma cidade vazia, que fica em casa, e aguarda por dias melhores.

João de Bettencourt Bacelar, nasceu em Lisboa onde estudou Design Gráfico. Ao longo de 25 anos, tem desenvolvido projectos em diferentes áreas da comunicação visual. É Designer, Diretor de Arte, Fotógrafo, Ilustrador e Artista.


TRÊS PERGUNTAS A JOÃO BETTENCOURT BACELAR

ANTÓNIO CERVEIRA PINTO — enquanto artista, que significado tem a palavra arte para ti?

JOÃO BETTENCOURT BACELAR — Para mim a palavra arte pode ter muitos significados, mas mais presentemente arte foi a terapia ocupacional que me salvou de ser mais uma das pessoas que durante o estado de emergência perderam a sanidade mental e viram na compra de grandes quantidades de papel higiénico a sua bóia de salvação. Ou mesmo agora nesta altura de desconfinamento será a vacina  cerebral, para não estar nas filas das lojas de roupa a comprar coisas desnecessárias para tentar  ter uma sensação de normalidade e equilíbrio.

ACP - no rio de sensações onde toda a mercadoria, incluindo a mercadoria-informação, é embrulhada com formas que apelam aos sentidos — formas sedutoras, sensuais e inteligentes —, ainda é possível destacar uma obra de arte genuína?

JBB — Sim e não. Na minha opinião já não vivemos na era da informação, mas sim na era da divulgação. Por isso uma obra de arte genuína pode ser destacada, se for devidamente comunicada, deve existir uma promoção associada, caso contrário corre o risco de passar despercebida no meio de tudo o que é publicado a toda a hora.

ACP — o Instagram e as redes sociais em geral colocaram a imagem, a representação e o espelho no top do imaginário global. Forneceram a todos uma espécie de formação rápida de criatividade e arte, fazendo de cada um de nós artistas automáticos. Neste museu virtual vivo qual é, uma vez mais, o lugar da arte?

JBB — Não concordo que o Instagram faça de cada um de nós artistas automáticos. 
Porque a muitos destes artistas automáticos faltam-lhes muitas vezes referências visuais, podem dominar as ferramentas mas há muita coisa publicada sem uma ideia ou um conceito, no entanto, tecnicamente bem realizadas. O que o Instagram e todas as redes sociais fazem é na sua maioria a publicação de poluição visual.
A arte pode ser relevante ou indiferente publicada numa rede social. Por exemplo, uma obra de Arte Digital deve ser pensada tendo em conta o enquadramento medidas, resolução e possibilidades tecnológicas da plataforma em que vai ser exibida.
Uma obra tradicional criada e pensada para ser exibida ao vivo, vai online perder a sua força. Por exemplo, uma tela onde existe detalhe, volumetria das pinceladas etc... vai acabar por, ao ser exibida digitalmente, perder força. É como ver um concerto de música ao vivo ou ver o concerto na televisão. No entanto, as plataformas digitais são neste momento o melhor meio para comunicar todo o tipo de arte.

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